Sandro
Oliveira de Carvalho
No início da década de 80, mais precisamente em 1981, Jonathan Kay dirigiu o excelente documentário “The
Vegetarian Whord” (O Mundo Vegetariano), narrado por Willian
Shatner, o Capitão Kirk, de “Jornada nas Estrelas”, e que
aborda importantes questões relacionadas ao vegetarianismo, seu passado, presente e perspectivas futuras.
Willian Shatner começa sua narrativa informando a existência, desde o início da
história da humanidade e até a época atual, de sociedades inteiras
que aderiram ao vegetarianismo.
Durante a narrativa ele apresenta alguns vegetarianos históricos, tais como Liev Tolstói, Bernard Shaw, Ghandi, além de fazer referências a Sócrates, Pitágoras, Leonardo da Vinci, etc.
Durante a narrativa ele apresenta alguns vegetarianos históricos, tais como Liev Tolstói, Bernard Shaw, Ghandi, além de fazer referências a Sócrates, Pitágoras, Leonardo da Vinci, etc.
O
documentário apresenta, ainda, diversos depoimentos favoráveis ao vegetarianismo e concedidos por cientistas, escritores, atletas, bem como por outras pessoas que se sentem muito bem com a saborosa e nutritiva alimentação vegetariana. Aborda, também, a visão de antigas religiões a respeito do vegetarianismo e sua relação com o sagrado.
Abordando
algumas das inúmeras razões pelas quais as pessoas se tornam
vegetarianas, razões que incluem a preocupação com a saúde, com
os animais e com o meio ambiente, o documentário apresenta, com abalizados argumentos e dados científicos, alguns dos inúmeros benefícios do
vegetarianismo para a saúde, ao mesmo tempo em que alerta para as graves doenças que o consumo de carne produz, além dos graves problemas que causa aos animais e ao planeta.
Durante
a exibição do vídeo, há cenas que tocam o coração, que
despertam a sensibilidade, tais como aquelas que exibem imagens do sofrimento dos
animais vitimados pela indústria da carne; animais que são mantidos vivos em condições altamente cruéis e
degradantes e outros cujas vidas terminam nos sangrentos
matadouros de animais, esses antros infernais que persistem em existir
apesar de toda a selvageria e brutalidade que representam para as indefesas criaturas de Deus. A visão dantesca,
inegavelmente horrenda, perversa e brutal, de animais aprisionados,
mortos e esquartejados para o consumo de seus corpos, deveria bastar para convencer a humanidade toda a abandonar tão
asqueroso, cruel e degradante hábito alimentar.
Não
obstante as cenas cruéis, cuja exibição é necessária para que
todos saibam a verdade, apenas a verdade, a respeito da origem de
cada pedaço de carne servido como alimento, e o que essa terrível
verdade representa para bilhões de animais mortos todos os
anos pela indústria da carne, o documentário também exibe cenas de
singular beleza, como aquelas em que uma garotinha aparece declarando, com a singeleza própria da
infância, as razões que a levaram a se tornar vegetariana, dizendo
que o fez em razão de seu amor pelos animais e também por não gostar de
“...vê-los sofrendo, ou machucados, ou algo parecido.”
Conforme depoimento de sua própria mãe, a garotinha já havia
anteriormente surpreendido seus familiares quando, aos cinco aninhos de
idade, por ocasião de um jantar em que eram servidos pedaços de um
carneiro, a pequena apontou para o prato onde estava a carne e
perguntou: “Eu não entendo, porque vocês estão comendo isso?
Se vocês dizem que gostam de animais, como podem estar comendo
eles?” A comovente pergunta da criança nos remete àquela genial frase proferida por George Bernard Shaw: “Os animais são meus amigos e eu não
como meus amigos.”
É
maravilhoso constatar que aquela garotinha compreendeu, ainda em
tenra infância, a libertadora e iluminada verdade que Milan Kundera
expressou, com grande sabedoria e compaixão, ao declarar que "A
verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza,
com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam
nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais
radical, num nível tão profundo que escapa ao nosso olhar) são as
relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. é aí
que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual
decorrem todas as outras."
Em
seus quase vinte e nove minutos (a respeito dos quais fiz aqui
apenas alguns breves comentários), o documentário, que já se
tornou um verdadeiro clássico entre os vegetarianos, tem certamente a grande
virtude de apresentar o vegetarianismo de uma forma global,
abrangente (inclusive do ponto de vista histórico, geográfico e
cultural), esclarecendo questões essenciais à
compreensão do tema, além de demonstrar que todos podem se tornar vegetarianos e que podemos, sim, continuar acreditando e lutando por um mundo vegetariano.
http://www.youtube.com/watch?v=kmVptxitppw&feature=player_embeddedre, acesso em 10/08/2012.