Tempo virá em que os seres humanos se contentarão com uma alimentação vegetariana e julgarão a matança de um animal inocente como hoje se julga o assassínio de um homem.” Leonardo da Vinci

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Por um Mundo Vegetariano



Sandro Oliveira de Carvalho

No início da década de 80, mais precisamente em 1981, Jonathan Kay dirigiu o excelente documentário “The Vegetarian Whord” (O Mundo Vegetariano), narrado por Willian Shatner, o Capitão Kirk, de “Jornada nas Estrelas”, e que aborda importantes questões relacionadas ao vegetarianismo, seu passado, presente e perspectivas futuras.

Willian Shatner começa sua narrativa informando a existência, desde o início da história da humanidade e até a época atual, de sociedades inteiras que aderiram ao vegetarianismo.

Durante a narrativa ele apresenta alguns vegetarianos históricos, tais como Liev Tolstói, Bernard Shaw, Ghandi, além de fazer referências a Sócrates, Pitágoras, Leonardo da Vinci, etc.

O documentário apresenta, ainda, diversos depoimentos favoráveis ao vegetarianismo e concedidos por cientistas, escritores, atletas, bem como por outras pessoas que se sentem muito bem com a saborosa e nutritiva alimentação vegetariana. Aborda, também, a visão de antigas religiões a respeito do vegetarianismo e sua relação com o sagrado.

Abordando algumas das inúmeras razões pelas quais as pessoas se tornam vegetarianas, razões que incluem a preocupação com a saúde, com os animais e com o meio ambiente, o documentário apresenta, com abalizados argumentos e dados científicos, alguns dos inúmeros benefícios do vegetarianismo para a saúde, ao mesmo tempo em que alerta para as graves doenças que o consumo de carne produz, além dos graves problemas que causa aos animais e ao planeta.

Durante a exibição do vídeo, há cenas que tocam o coração, que despertam a sensibilidade, tais como aquelas que exibem imagens do sofrimento dos animais vitimados pela indústria da carne; animais que são mantidos vivos em condições altamente cruéis e degradantes e outros cujas vidas terminam nos sangrentos matadouros de animais, esses antros infernais que persistem em existir apesar de toda a selvageria e brutalidade que representam para as indefesas criaturas de Deus. A visão dantesca, inegavelmente horrenda, perversa e brutal, de animais aprisionados, mortos e esquartejados para o consumo de seus corpos, deveria bastar para convencer a humanidade toda a abandonar tão asqueroso, cruel e degradante hábito alimentar.

Não obstante as cenas cruéis, cuja exibição é necessária para que todos saibam a verdade, apenas a verdade, a respeito da origem de cada pedaço de carne servido como alimento, e o que essa terrível verdade representa para bilhões de animais mortos todos os anos pela indústria da carne, o documentário também exibe cenas de singular beleza, como aquelas em que uma garotinha aparece declarando, com a singeleza própria da infância, as razões que a levaram a se tornar vegetariana, dizendo que o fez em razão de seu amor pelos animais e também por não gostar de “...vê-los sofrendo, ou machucados, ou algo parecido.” Conforme depoimento de sua própria mãe, a garotinha já havia anteriormente surpreendido seus familiares quando, aos cinco aninhos de idade, por ocasião de um jantar em que eram servidos pedaços de um carneiro, a pequena apontou para o prato onde estava a carne e perguntou: “Eu não entendo, porque vocês estão comendo isso? Se vocês dizem que gostam de animais, como podem estar comendo eles?” A comovente pergunta da criança nos remete àquela genial frase proferida por George Bernard Shaw: “Os animais são meus amigos e eu não como meus amigos.”

É maravilhoso constatar que aquela garotinha compreendeu, ainda em tenra infância, a libertadora e iluminada verdade que Milan Kundera expressou, com grande sabedoria e compaixão, ao declarar que "A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza, com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num nível tão profundo que escapa ao nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. é aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras."

Em seus quase vinte e nove minutos (a respeito dos quais fiz aqui apenas alguns breves comentários), o documentário, que já se tornou um verdadeiro clássico entre os vegetarianos, tem certamente a grande virtude de apresentar o vegetarianismo de uma forma global, abrangente (inclusive do ponto de vista histórico, geográfico e cultural), esclarecendo questões essenciais à compreensão do tema, além de demonstrar que todos podem se tornar vegetarianos e que podemos, sim, continuar acreditando e lutando por um mundo vegetariano.


 http://www.youtube.com/watch?v=kmVptxitppw&feature=player_embeddedre, acesso em 10/08/2012.

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