Sandro
Oliveira de Carvalho
A
exploração dos animais pelo ser humano tem atingido níveis tão
alarmantes, cruéis e assustadores, gerando uma onda gigantesca de
intensa dor, sofrimento e morte, que nos perguntamos até quando esse pesadelo continuará e que terríveis consequências trará à
humanidade, uma vez que a lei de ação e reação não pode
simplesmente ser anulada ou manipulada ao critério das conveniências
humanas, principalmente em se tratando de questões
envolvendo atos de violência e dor.
Somente para atender a vertiginosa, infame e insaciável demanda por carne, cobaias e
peles, milhões de animais são confinados, maltratados
e mortos todos os dias, no mundo inteiro.
A
indústria de peles, por exemplo, a fim de satisfazer desejos fúteis,
egocêntricos e narcisistas de consumidores insensíveis, sem compaixão, e também para
enriquecer seus proprietários e sócios ávidos por lucro, tem sido responsável
por atrocidades tão aviltantes e cruéis, praticadas contra
criaturas inocentes e indefesas, que só de ouvir falar em tais monstruosidades milhares de pessoas chegam às lágrimas.
E
é justamente sobre este assunto, ou seja, sobre o uso de peles para a confecção de casacos e outros vestuários, que falaremos a
seguir, pois já está amplamente demonstrado que a indústria de peles tem sido
causa de uma das mais horríveis, abjetas e sistemáticas formas de exploração, tortura e matança de animais.
Para
que se tenha uma noção do impacto devastador que a indústria de
peles tem causado à vida de milhões de animaizinhos inocentes, dentre os
quais arminhos, raposas, chinchilas, gatos, martas, texugos, focas, lobos, esquilos, visons, coelhos, cães etc., mencionaremos, a seguir, algumas das criminosas situações a que estão expostos os pobrezinhos.
Armadilhas
e grilhões
Em
muitos lugares, os animais visados pela indústria de peles são capturados através de armadilhas
ardilosamente preparadas por cruéis caçadores que só voltarão ao mesmo
local diversos dias ou semanas após. Enquanto isso, os animais,
presos às torturantes armadilhas, ficarão expostos às intempéries
do tempo e sofrendo, dentre inúmeras outras formas de tortura, intensa dor, sede e fome. Em consequência de tais circunstâncias, muitos desses
animais chegam ao ponto de roer as próprias patinhas no afã
desesperador de livrar-se do sofrimento e alcançar a tão sonhada
liberdade. Porém, ao tentar a liberdade de forma tão extrema e dolorosa, muitos morrem sangrando ou vitimados
por horríveis e profundas inflamações e infecções. Com grande
alívio e esperança, muitas das inocentes criaturinhas, que
sobrevivem aos grilhões, saúdam a chegada dos caçadores mal sabendo, todavia, o
que lhes aguarda, pois, para elas, o inferno está apenas
começando com a chegada de tais homens, em cujos corações não há compaixão.
Prisão,
confinamento e tortura
Antes de serem mortos,
muitos dos animais capturados vão juntar-se àqueles criados em
fazendas de extração de peles, onde serão mantidos confinados,
muitas vezes por longos períodos ou até mesmo por toda a vida, em pequenas e desconfortáveis gaiolas e onde desenvolverão inúmeros
problemas físicos e psíquicos, além de canibalismo e outras
manifestações de sofrimento e total desequilíbrio, tais como agitar-se continuamente de um lado para o outro, bater a cabeça nas grades ou mordê-las
num frenesi de angústia, stress e profunda ansiedade pelo desejo de verem-se livres novamente. Sem
tratamento veterinário, muitos desses animais ficam seriamente feridos, doentes e aguardando apenas a morte chegar para colocar um fim às suas vidas
miseráveis.
Esfolamento
e morte
Se as reais condições de vida dos animais capturados, aprisionados e maltratados para atender as demandas da
indústria de peles e carne, que só existe porque há consumidores dispostos
a pagar por tais produtos, já é de uma crueldade e insensibilidade absurdas, não deveríamos nos surpreender se o destino final dado a esses
pobres seres, ou seja, a morte, seguisse pelo mesmo caminho de crueldade e sofrimento atroz. Ora, se alguém imaginava que os
assassinos dos animais estão preocupados em matá-los de forma
menos cruel, menos dolorosa, enganou-se completamente, pois não há piedade ou
misericórdia alguma da parte dessas pessoas que escolheram sustentar
suas vidas ou seus lucros, conforme o caso, de maneira tão covarde e vil. Alegam tais carrascos que é necessário preservar a pele de suas vítimas de modo a evitar que se produzam certas avarias, pois, se isso ocorresse, os insensíveis consumidores ficariam muito desapontados e insatisfeitos por não terem seus vergonhosos desejos atendidos à altura de suas cruéis exigências. Assim, para que suas
peles permaneçam intactas, os pobres animais são torturados e mortos de formas diabolicamente cruéis, tais como: envenenamento, asfixia, afogamento, pauladas na
cabeça, línguas cortadas para que a morte ocorra por sangramento, eletrocussão anal (choque elétrico através do ânus e reto do animal), e, talvez, a mais revoltante, cruel e demoníaca de todas, ou seja, o esfolamento (retira-se a pele do animal estando o mesmo ainda vivo, o que produz dores excruciantes, absurdamente fortes, terríveis).
As
imagens das atrocidades
Ao final do texto o
leitor poderá visualizar, se estiver preparado para tal, pois advirto que
as imagens são extremamente fortes, cenas reais que aparecem no premiado filme
documentário "Earthlings" (Terráqueos) e que revelam a verdade a respeito do
sofrimento a que estão expostos milhões de animais presos, torturados e
assassinados pela indústria de peles. Pesquisando o tema na Web, encontrei um vídeo em que aparece um recorte do referido filme documentário. Contendo pouco mais de três minutos, o recorte revela cenas e fatos estarrecedores a respeito das atrocidades da indústria de peles. Compartilhei esse vídeo e também um outro contendo "Earthlings" na íntegra (aproximadamente 1 hora e 35 minutos), e com legendas em português. Devo dizer, porém, que só tomei a decisão de compartilhar esses vídeos após muita
reflexão, pois estava em dúvida se deveria fazê-lo, ajudando a revelar a verdade, ou se deveria poupar as pessoas de terem acesso, pelo menos através de meu blog, às cenas tão cruéis que aparecem nos vídeos. Só me decidi a fazê-lo, querido leitor, porque acudiu-me à consciência um pensamento luminoso e fui, pelo
espírito, confrontado com a seguinte e importante questão: a quem interessaria
ocultar a verdade sobre o sofrimento animal? Aos próprios animais ou aos seres trevosos que, direta ou indiretamente, tomam parte no aprisionamento, tortura e matança das criaturas de Deus? Ora, não foi em razão da exposição das horríveis imagens do Holocausto, que
vitimou milhões de seres humanos, adultos e crianças, durante a segunda guerra mundial, assim como dos incontáveis testemunhos pessoais e outras provas
irrefutáveis, que a humanidade se convenceu da realidade do maior crime já registrado nos anais da
história? Em outras palavras, o que teria acontecido em Nuremberg e
em todo o planeta, naqueles dias e nos que seguiram-se ao grande
julgamento, se as mais impactantes provas do Holocausto, ou seja, as fotografias e filmagens das atrocidades, houvessem sido, em nome de
um falso pudor, mantidas ocultas dos magistrados e jurados, da imprensa e da própria
humanidade? Se tal hipotético acobertamento houvesse ocorrido será que a
existência do monstruoso massacre teria sido reconhecida? Teria
havido justiça? Teria brotado, em nossas mentes e corações, a firme e inabalável convicção de que foram brutalmente assassinados mais de quatro milhões
de seres humanos e que isso não pode, de forma alguma, voltar a
acontecer?
O mesmo princípio aplica-se em relação ao holocausto animal, pois será também pela corajosa divulgação de fotografias, filmes e documentários, expondo os sofrimentos das inocentes criaturas de Deus, que a luta
pela libertação dos animais ganhará força crescente e veremos aumentar, dia após dia, o número daqueles que se unirão à companhia dos que lutam pelo fim do aprisionamento, exploração, tortura e matança de animais, até que sobrevenha a vitória final.
Quanto
às criaturas humanas que, escravizadas pelo culto
prestado ao horroroso e cruel panteão formado pelos deuses orgulho,
egoísmo, indiferença, ego inflado, futilidade, frivolidade e ignorância,
sentem mórbida necessidade de trazer, sobre seus míseros corpos
carnais — que o tempo brevemente se encarregará de entregar aos
vermes da terra e reduzi-los a nada mais do que simples poeira — custosos casacos e outras peças que causaram imensa dor, sofrimento e a morte de tantos seres sensíveis, sim, que elas possam refletir e compreender, enquanto há tempo, que as
roupas mais lindas que podemos trazer sobre nossos corpos,
tão frágeis e mutáveis, são as vestes da simplicidade, da ternura, do amor e da compaixão e sem as quais ninguém verá a face de Deus.
Recorte do filme documentário "Earthlings" (Terráqueos)
sandrokarlmarx. http://www.youtube.com/watch?v=jfsZG18F71I, acesso em 30/09/2011
Íntegra do Filme documentário "Earthlings" (Terráqueos)
Venus2012. http://www.youtube.com/watch?v=vPtrekRyTMA&feature=share, acesso em 30/09/2011