Tempo virá em que os seres humanos se contentarão com uma alimentação vegetariana e julgarão a matança de um animal inocente como hoje se julga o assassínio de um homem.” Leonardo da Vinci

terça-feira, 31 de maio de 2011

Vegetarianismo entre os grandes

Sandro Oliveira de Carvalho

Incontáveis gênios e outros grandes personagens da história fizeram questão de deixar consignado, nos anais da história, o apoio que deram ao regime vegetariano e aos direitos dos animais. Neste sentido, é importante esclarecer que a divulgação de tal apoio jamais deve ser tida na conta de apelo à falácia da autoridade, pois o vegetarianismo não precisa, absolutamente, de falácias ou enganos para impor-se como verdade. Em geral, a prática de citar celebridades, em textos e discursos favoráveis ao regime vegetariano e à defesa dos animais, deve-se ao um recurso de ilustração do qual se servem praticamente todos os que falam ou escrevem a respeito de qualquer grande fato da história e não há mal algum nisso. Outro possível motivo deriva do fato de que já está comprovado que semelhante recurso auxilia na demonstração de que o vegetarianismo, longe de constituir-se em assunto banal, trivial, sem apelo universal e envolvendo apenas teoria e prática não salutar, falsa e anticientífica, promovida por mentes excêntricas, estranhas e ignorantes trata-se, na realidade, de questão muito séria, digna, elevada, comprovadamente científica e com a qual se ocupam tanto o homem de intelecto comum, quanto o gênio dotado de elevado saber. Os fatos ainda demonstram, insofismavelmente, para imenso contingente de pessoas representativas de todas as classes econômicas, sociais e intelectuais, que é muito estimulante saber que o vegetarianismo sempre contou com a defesa dos maiores gênios da humanidade. É evidente, é óbvio, que nenhuma teoria depende, para revelar-se verdadeira ou manter-se em pé, apenas do apoio ou aval de celebridades, gênios, ou de quem quer que seja, até mesmo porque a verdade é o que é independentemente de crenças e opiniões humanas. Por outro lado, sempre que são feitas alusões a grandes intelectos favoráveis ao vegetarianismo, não se está pretendendo, com tal expediente, afirmar que todos eles tenham sido estritos e rigorosos praticantes da dieta vegetariana. Embora seja fato que muitos desses grandes homens foram, incontestavelmente, vegetarianos rigorosamente praticantes, alguns, todavia, o foram apenas parcialmente; outros decidiram-se pela prática vegetariana apenas no final de suas vidas e outros, ainda, o foram apenas em princípio e, nesta última condição, alguns o foram por um certo tempo (após o que tornaram-se praticantes), e outros, ainda, podem nunca terem se tornado vegetarianos praticantes, embora tenham morrido defendo este regime alimentar como o melhor que se pode ter. Neste sentido, a experiência de Albert Einstein, com o vegetarianismo, ilustra cabalmente o chamado vegetarianismo "em princípio", pois ele, antes mesmo de tornar-se vegetariano praticante, compreendeu as virtudes do vegetarianismo e os malefícios da alimentação cárnea. O grande cientista inclusive escreveu sobre suas experiências e descobertas dietéticas, alimentares. Mas em que circunstâncias o fez? Pois bem, conforme consta da tradução da carta de Hermann Huth, de 27 de dezembro de 1930 (Einstein Archive 46-756), o notável cientista pronunciou, certa feita, algumas palavras que são hoje repetidas por vegetarianos no mundo todo e com muita razão. Vejamos o que ele escreveu: “Embora eu tenha sido impedido pelas circunstâncias exteriores de observar uma dieta estritamente vegetariana, eu tenho sido desde há muito um adepto da causa, em princípio. Além de concordar com os objetivos do vegetarianismo por motivos estéticos e morais, é a minha opinião de que uma forma de vida vegetariana, pelo seu efeito puramente físico no temperamento humano, seria mais benéfica influência no destino da humanidade.” Observe que, naquela época, embora ainda estivesse comendo carne, Einstein já se considerava um "adepto da causa, em princípio", como ele mesmo se definiu. Pois bem, avançando um pouco mais no tempo vamos chegar ao ano de 1953, ocasião em que Einstein, escrevendo para Max Kariel, fez a seguinte e sincera confissão: “eu sempre comi carne animal com uma qualquer coisa de consciência pesada“. Finalmente, no ano de 1954, mais precisamente no dia 30 de março, Einstein, escrevendo para Hans Muehsam, declarou que estava vivendo sem carne e que se sentia muito bem assim: “Então, eu estou vivendo, sem gorduras, sem carne, sem peixe, mas estou me sentindo muito bem desta maneira. Sempre me pareceu que o homem não nasceu para ser um carnívoro”. (1) Declaração extraordinária, de imenso valor intelectual, ético e moral e que muito tem auxiliado na defesa do vegetarianismo. Mas, prosseguindo, se Einstein não conseguiu, como ele mesmo declarou, tornar-se vegetariano um pouco mais cedo, em razão daquilo que definiu como "circunstâncias exteriores" e que, estamos certos, deveriam ser mesmo de difícil resolução, a julgar pela fortaleza de caráter daquele grande homem. Entretanto, ele enfrentou essas circunstâncias proibitivas e as venceu. Portanto, as declarações de Albert Einstein, constituindo valorosos testemunhos em favor do vegetarianismo e dos direitos dos animais, devem ser repetidas a exaustão, sem qualquer receio, seja por vegetarianos ou simpatizantes. Ora, experiência semelhante a de Albert Einstein viveu também a escritora norte-americana Ellen White, co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia e uma das mais nobres e destacadas lideranças cristãs de todos os tempos. No início de seu profícuo e piedoso ministério, Ellen White não era ainda vegetariana, mas, aos poucos e conforme o assunto foi sendo gradualmente revelado a ela pelo plano superior, Ellen White foi se adaptando ao regime vegetariano até que, finalmente, se tornou firme praticante do vegetarianismo e assim se manteve até o fim de sua piedosa existência. Escritos de Ellen White, favoráveis ao vegetarianismo, continuam sendo publicados e distribuídos em dezenas de países ao redor do globo. Desta forma, independentemente da maneira como esses grandes personagens lidaram pessoalmente com o vegetarianismo em suas vidas, o legado mais importante que deixaram é o fato de que todos, absolutamente todos, realizaram, com maior ou menor ênfase, a defesa de um grande princípio, de uma nobre ideia, ou seja, o princípio, a ideia, de que é errado, cruel e antiético matar um animal para devorar suas carnes e que, por outro lado, é muito mais saudável e condizente com a dignidade do ser humano a adoção de um regime vegetariano. Da Wikipédia extraímos as seguintes informações e que vêm corroborar, em diversos aspectos, muito do que acabamos de escrever: “O vegetarianismo ético, que visa o respeito pela vida animal teve origem na Antiguidade, sendo que ao longo da História da humanidade, inúmeros autores têm vindo a criticar e questionar o consumo de carne com base nesse aspecto, por exemplo Mahavira, Asoka, Plutarco, Porfírio, Ovídio, São Ricardo de Wyche, Leonardo da Vinci, John Ray, Thomas Tryon, Bernad Mandeville, Alexander Pope, Isaac Newton, Voltaire, George Cheyne, David Hartley, Oliver Goldsmith, Joseplh Ridtons, Lewins Gompertz, Johnny Appleseed, Percy Bysshe Shelley, Alphonse de Lamartine, Amos Bronson Alcott, William Alcott, Gustav Struve, Goerg Friedrich Daumer, Richard Wagner, Liev Tolstoi, George Bernard Shaw, Romain Rolland, Élisée Reclus, Mahatma Gandhi, Franz Kafka, Isaac Bashevis Singer, Albert Einsten entre muitos outros. Este facto é demonstrado por autores como Howard Williams, Rod Preece, Norm Phelps, Walter e Portmess e Rynn Berry. Uma das passagens mais antigas a favor de um vegetarianismo ético surgiu quando Ovídio, nas Metamorfoses pôs na boca de Pitágoras estas palavras: "Que crime horrível lançar em nossas entranhas as entranhas de seres animados, nutrir na sua substancia e no seu sangue o nosso corpo! para conservar a vida a um animal, porventura é mister que morra um outro? Porventura é mister que em meio de tantos bens que a melhor das mães, a terra, dá aos homens com tamanha profusão, prodigamente, se tenha ainda de recorrer à morte para o sustento, como fizeram ciclopes, e que só degolando animais seja possível cevar a nossa fome? […] É desumanidade não nos comovermos com a morte do cabrito, cujos gritos tanto se assemelham aos das crianças, e comermos as aves a que tantas vezes demos de comer. Ah! quão pouco dista dum enorme crime!" Este trecho de Ovídio reflecte os ensinamentos dos pitagóricos no primeiro século." (2). Entretanto, é importante esclarecer que, além das motivações éticas, haviam ou há, ainda, outras razões que inspiraram ou inspiram celebridades na prática e defesa do vegetarianismo. São razões de natureza religiosa ou de saúde, entre outras. Esse foi o caso, por exemplo, de Ellen White, que defendeu o vegetarianismo por motivos de saúde, espiritualidade e compaixão pelos animais. Desta forma, à guisa de exemplo, citaremos algumas celebridades do mundo religioso e que também fizeram a defesa do vegetarianismo: São Basílio, São Clemente de Alexandria, Santa Tereza, Santo Afonso de Liguori, Santo Inácio de Loyola, São Gregório, São Bento, São Domingos, São Bernardo, São Francisco Xavier, São Jerônimo, São João Crisóstomos, John Wesley (fundador da Igreja Metodista), Ellen White, etc. Houveram, ainda, grandes personalidades esotéricas ou de religiões orientais e que também realizaram brilhante e valorosa defesa do regime vegetariano e dos direitos dos animais. Podemos citar,  por exemplo, A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupãda (Fundador da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna), Annie Wood Besant (importante membro da Sociedade Teosófica, fundada por Helena Petrovna Blavatsky), Gautama Buddha (Fundador do Budismo), Krishna (divindade hindu), Mahatma Gandhi (a "grande alma", que concebeu e fundou o moderno Estado Indiano e que defendeu e praticou, com sinceridade e devoção, o elevado e nobre princípio da não-violência), dentre inúmeras outras celebridades adeptas de religiões orientais. Deixando agora o aspecto espiritual e passando a tecer considerações sobre o vegetarianismo e sua influência na saúde, cabe-nos informar que muitos foram ou são os cientistas e instituições médicas, de grande respeitabilidade, que se manifestaram ou se manifestam favoráveis ao vegetarianismo. Neste sentido, foi muito importante a contribuição oferecida pelo Dr. T. Colin Campbell Ph.D, pois esse extraordinário homem de ciência provou, através de inúmeras e rigidamente controladas pesquisas, estudos e experiências, que o vegetarianismo constitui o melhor regime alimentar e que o uso de carne está relacionado a inúmeros e sérios problemas de saúde. Quanto às instituições médicas ou de saúde, que fizeram ou fazem a defesa do regime vegetariano, podemos citar, entre diversos outros exemplos, a American Heart Association, a Dietitians of Canadá, a American Dietetic Association, a Kids Health, a Food and Drug Administration, entre outras instituições de grande envergadura, credibilidade e operacionalizadas por homens de notável saber e intelecto. Desta forma, poderíamos continuar citando homens e mulheres célebres, representando inúmeras áreas do conhecimentos (cientistas, filósofos, educadores, religiosos, escritores, etc.), e que fizeram e ainda fazem defesa vigorosa do vegetarianismo e dos direitos dos animais. Homens tais como Neal Barnard M.D., Harvey Diamond, Audrey, Eyton, Sylvester Graham, Michael Klaper M.D., Frances Moore Lappe, Tom Regai, Jeremy Rifkin, John Robbins, Richard Schwartz, Isaac Bashevis Singer, Professor Peter Singer, Colin Spencer, Jon Wynne-Tyson, Jane Goodall, dentre muitos outros (3). É interessante informar, ainda, em benefício daqueles que desejam saber mais a respeito de celebridades que apoiaram ou apoiam o vegetarianismo e os direitos dos animais, que está disponível, na Wikipédia, uma extensa lista de nomes. O link será fornecido nas referências bibliográficas (4). Ao concluir, desejamos enfatizar, mais uma vez, que o vegetarianismo não precisa, necessariamente, do aval de grandes personalidades da história para manter-se firme e verdadeiro como é, pois toda verdade mantém-se sólida e inabalável por si mesma, ainda que todos venham à negá-la. Entretanto, estamos convictos de que seria um crime, um verdadeiro crime contra a humanidade e contra os animais, em nome de um rigor literário fanático e obtuso, ou seja lá o que for, ignorar tudo o que de bom os grandes gênios da humanidade disseram ou escreveram sobre o vegetarianismo e os direitos dos animais. As declarações em favor do vegetarianismo, ditas por genialidades de todos os tempos, pertencem seguramente ao patrimônio cultural da história do vegetarianismo e nenhuma censura deverá dificultar-lhes a divulgação, pois isso causaria prejuízos para o progresso da causa. Gostaria, finalmente, de dizer que é maravilhoso saber que o vegetarianismo, bem como os direitos dos animais, sempre contou e conta ainda com a defesa firme e intransigente, não somente de muitos homens e mulheres célebres, mas de milhões de pessoas, espalhadas por todo o mundo e representando praticamente todos os níveis sociais, econômicos, culturais e intelectuais da humanidade.





Referências bibliográficas:

(1) Em: http://candeeiroverde.wordpress.com/2010/05/11/albert-einstein-vegetariano/ - Acesso em: 31 maio 2011.
 
(2) Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/vegetarianismo - Acesso em: 31/maio/2011.

(3) Em: http://www.vegetarianismo.com.br > Vegetarianos famosos - Acesso em: 31/maio/2011. 

(4) Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_vegetarianos - Acesso em: 31/maio/2011


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