A
jornada até a montanha era longa e penosa. Os quatro irmãos de
Yudisthira foram morrendo pelo caminho, um a um, e depois deles, a
linda esposa Drapaudi. O rei ficou totalmente só, exceto pelo cão,
que o acompanhou fielmente por toda a árdua e demorada subida em
direção à Cidade Celestial. Finalmente os dois exaustos e
enfraquecidos, chegaram diante das portas do Céu. Yudisthira
curvou-se em humilde reverência ao pedir que fosse aceito. O céu e
a terra se encheram de estrondoso ruído quando o Senhor Indra chegou
para receber o Rei no Paraíso. Mas Yudisthira ainda não estava
pronto.
-
Sem meus irmãos e minha querida esposa, minha inocente Drapaudi, não
desejo entrar no Céu, ó Senhor de todas as divindades.
-
Não tema - respondeu Indra. - Você os encontrará a todos no Céu.
Eles chegaram antes e estão aqui!
Yudisthira
ainda tinha um pedido a fazer.
-
Este cão acompanhou-me por todo o caminho até aqui. É devotado a
mim. Por sua fidelidade, não posso entrar sem ele! E, além disso,
meu coração lhe tem muito amor.
Indra
balançou a enorme cabeça e a terra toda tremeu.
Só
você pode ter a imortalidade - disse ele - a riqueza, o sucesso, e
todo o júbilo do Céu. Você conquistou isso empreendendo a árdua
jornada. Mas não pode trazer um cão para dentro do Céu. Livre-se
do cão, Yudisthira. Não é nenhum pecado!
-
Mas para onde irá ele? E quem irá acompanhá-lo? Ele desistiu de
todos os prazeres da terra para ser meu companheiro. Não posso
abandoná-lo agora.
Indra se irritou com aquilo e disse com firmeza:
Indra se irritou com aquilo e disse com firmeza:
-
Você precisa estar puro para entrar no Paraíso. Um simples toque
num cão eliminará todos os méritos da oração. Reconsidere o que
está querendo fazer, Yudisthira. Deixe que o cão se vá.
Yudisthira
insistiu: Senhor Indra, é difícil para uma pessoa que sempre tentou
ser justa, fazer algo que considere injusto, mesmo que seja para
entrar no Céu. Não desejo a imortalidade se para tanto é preciso
livrar-me de alguém que me é devotado.
Indra
o instigou mais uma vez: - Você deixou para trás, na estrada,
quatro irmãos e a mulher. Por que não pode deixar também o cão?
Yudisthira
respondeu: - Abandonei-os apenas porque já tinham morrido e eu não
poderia mais ajudá-los nem trazê-los de volta à vida. Enquanto
estavam vivos eu não os abandonei.
-
Você está disposto a abandonar o Céu, então, por causa desse cão?
- perguntou-lhe Indra.
-
Grande Indra - retrucou Yudisthira - sempre mantive minha promessa,
nunca abandonei quem tivesse medo e viesse à minha procura, quem
estivesse aflito e desvalido ou quem estivesse fraco demais para se
proteger sozinho e desejasse ainda viver. Acrescento agora um quarto
elemento. Prometo não abandonar quem for devotado a mim. E não vou
abandonar meu amigo. Yudisthira abaixou-se para acariciar o cão e
estava prestes a afastar-se tristemente do Céu quando, de repente
bem diante de seus olhos aconteceu um prodígio. O cão fiel
transformou-se em Dharma, o Deus da Virtude e da Justiça.
Indra
disse:
-
Você é um bom homem, Rei Yudisthira. Demonstrou fidelidade aos
fiéis e compaixão por todas as criaturas. Mostrou-se capaz disso ao
renunciar ao Céu em vez de renunciar a esse humilde cão que era seu
companheiro. Será honrado no Céu, ó Rei Yudisthira, pois não
existe um ato que seja mais elevado e mais ricamente recompensado, do
que a compaixão para com os humildes.
Então,
Yudisthira entrou na Cidade Celestial tendo ao lado o Deus da
Virtude. E lá tornou a encontrar-se com os irmãos e a querida
esposa para desfrutarem da eterna felicidade.
(Extraído
do Mahabharata)
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A imagem que aparece no início representa um santo vaishnava em reunião com seus discípulos, e o texto acima, juntamente com seu título, foi extraído do site vaishnava http://adorandokrishna.blogspot.com/2018/05/o-rei-yudisthira-e-seu-cao.html
A imagem que aparece no início representa um santo vaishnava em reunião com seus discípulos, e o texto acima, juntamente com seu título, foi extraído do site vaishnava http://adorandokrishna.blogspot.com/2018/05/o-rei-yudisthira-e-seu-cao.html
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